Mac OS como transporte...

Quando saí de Portugal decidi "extrair" a minha colecção de CDs para um disco rígido com o objectivo de aliviar a bagagem e usar o meu computador pessoal, um portátil da Apple com sistema operativo Mac OS, para a leitura dos ficheiros.
Neste tópico tenciono descrever algumas das minhas experiências com a reprodução de música "desmaterializada" nesta plataforma.





Para esta primeira tarefa optei por utilizar o iTunes por uma questão de comodidade já que este software possui a opção de obter automaticamente a informação relativa às faixas e as imagens das capas.
Esse foi o meu primeiro erro, já que essa informação — metadata — é recolhida da base de dados do Gracenote, uma plataforma que compila informação submetida por utilizadores sem grande lógica ou metodologia de classificação; e se para pop/rock e até jazz os dados estão geralmente correctos, quando se trata de música clássica é uma verdadeira desgraça.
Acabei por inserir toda a informação manualmente, seguindo a metodologia descrita neste tópico.

Além disso as capas adicionadas pelo iTunes não são embebidas nos ficheiros e como tal não aparecem noutros leitores de ficheiros.
Felizmente esse problema pode ser contornado usando este scrip.

Segundo li o iTunes tem ainda uma terceira desvantagem, a de não efectuar uma "extracção" segura, pelo que não é aconselhável efectuar outras operações (multitasking) durante o ripping.
Em alternativa podem ser utilizados programas dedicados como o xAct ou o X Lossless Decoder que compara o resultado com uma base de dados remota (AccurateRip).

Quanto ao formato, optei pelo AIFF (Audio Interchange File Format).
A razão para não utilizar um formato com compressão lossless tem como objectivo reduzir a actividade do processador na leitura do ficheiro que, segundo está descrito em algumas fontes, produz "interferências" que afectam o sinal mas confesso que não sendo dado a comparações nem sequer efectuei quaisquer testes; em teoria é uma solução "mais" eficaz.





O maior defeito do iTunes como leitor de ficheiros é a incapacidade de alterar automaticamente a frequência de amostragem (sample rate) no controlador Audio Midi; quando esse controlador está configurado para 44,1kHz e o iTunes lê um ficheiro de 192kHz o sistema operativo efectua a conversão (ASRC) para 44,1kHz e a leitura deixa de ser bit perfect (além de que o ASRC da Apple não é dos melhores).
Esse defeito é contornado utilizando um leitor dedicado.

Além disso os leitores dedicados têm outras vantagens como por exemplo:
- ASRC upsampling que permite enviar os dados na frequência de amostragem máxima suportada pelo D/AC, saltando assim um passo de conversão em hardware e dando ao utilizador a oportunidade de selecionar o tipo de filtro passa-baixo
- up/oversampling e filtragem digital para utilização de D/ACs sem essas funções
- uma ligação mais "directa" ao D/AC (Integer Mode, Hog Mode)
- o pré-carregamento das faixas para um buffer na RAM (memory play)
- o uso de plugins AU (Audio Units) como equalizadores gráficos e paramétricos
- o controlo dos processos activos

Na minha busca por um leitor de ficheiros testei alguns dos programas disponíveis para Mac OS e a primeira conclusão a que cheguei é que estes não só melhoram o som do iTunes como soam ligeiramente diferentes uns dos outros.
E a segunda conclusão foi que o iTunes, apesar de ter piorado nesta última versão 12 com a integração dos modos SONG/ALBUM/ARTIST/COMPOSER num menu drop-down e a eliminação das linhas de texto contrastantes, é o melhor interface.
Infelizmente tanto os engenhidiotas da Apple como os da Microsoft decidiram que o sistema operativo e os programas dos nossos computadores devem assemelhar-se aos dos smartphones e tablets.


O primeiro foi o BitPerfect, um pequeno programa que corre "atrás" do iTunes optimizando o desempenho do mesmo.
É muito barato, simples e eficaz.


Seguiu-se o JRiver Media Center que foi eliminados devido a complexidade das configurações e o interface medíocre.


O HQPlayer da Signalyst é o leitor com melhor som mas o modo de acesso aos ficheiros nem sequer se pode chamar de browser.
Para ultrapassar a questão do interface/browser medíocre utilizo o iTunes para selecionar o álbum ou peça musical que pretendo escutar e em seguida recorro ao botão direito do rato para localizar as faixas no Finder e em seguida arrasto-as para dentro do HQPlayer.
Convém ter em atenção que o HQPlayer não lê ficheiros ALAC (Apple Lossless).


Depois experimentei o Audirvana+, que pode correr "atrás" do iTunes ou como aplicação independente.
Permite a utilização de plugins AU, tem o melhor interface dos "outros" e na minha opinião só fica atrás do HQPlayer em termos de qualidade de som.
Muitos utilizadores reportam que o som é melhor quando usado como aplicação independente e o interface é muito semelhante ao do iTunes, faltando apenas as capas quando usado o STRUCTURED FILTER BROWSER.


Por último experimentei ainda o Fidelia, uma aplicação independente bastante completa mas com um interface medíocre e terminei com o Amarra HiFi que funciona em conjugação com o iTunes mas que sabe-se lá porque razão produzia clicks, pops e interrupções...


Na minha opinião a grande vantagem do iTunes está no COLUMN BROWSER, uma estrutura de organização em árvore que permite uma pesquisa rápida e eficaz:

E na possibilidade de ser remotamente comandado com um smartphone ou um tablet de forma simples.
Eu utilizo o Retune, um programa de controlo remoto para Android.





Em audio todos os elementos do sistema e todos componentes que compõem os equipamentos afectam o sinal, ainda que com diferentes graus de intensidade.
E a composição do computador e o modo como este é usado não foge à regra.
Este sistema de leitura até se assemelha um pouco ao leitor de discos de vinil na medida em que existem muitas variáveis e muitos componentes que afectam o desempenho final...é um paraíso para os tweakers.


Como não tive/tenho muita paciência para efectuar grandes comparações procurei informação em vários locais onde o tema do hardware é abordado e debatido até à exaustão.
E li, por exemplo, que a placa USB apenas deve servir o D/AC devendo o disco ser acedido por outro tipo de ligação (p.ex. Ethernet ou Firewire); o wireless é desaconselhado, mas permite colocar o disco rígido noutro espaço para evitar o ruído de funcionamento e também o controlo remoto do programa de leitura através de um smartphone ou de um tablet.
Segundo percebi (e comprovei) a capacidade de processamento é importante especialmente se optarmos por efectuar upsampling no programa de leitura de ficheiros ou se efectuarmos algum tipo de correcção acústica.
E a quantidade memória RAM também é importante porque muitos destes programas efectuam um pré-carregamento das faixas para um buffer.
O computer audio é tudo menos uma solução plug and play, não basta pegar num velho portátil e ligá-lo ao D/AC.
E para que o computador seja um bom transporte (bit-perfect) não pode ser utilizado para efectuar outras tarefas ou funções...tem de ser um aparelho exclusivamente dedicado à reprodução de ficheiros.
Além disso o computador é uma fonte de ruídos parasitas e interferências...


Depois temos a optimização do sistema operativo que pode ir de uma configuração mais ligeira até soluções mais radicais como utilizar o computador com o sistema operativo instalado num cartão SD.
Aqui ficam duas alternativas:

Solução ligeira (o sistema mantém as suas funcionalidades intactas)
Audiofiles - Optimizing OS X for Audio and Video

Soluções radicais (ler bem antes de usar, muitos processos serão desactivados)
Computer Audio Design OSX Audio Optimization Script
Sonic Studio Mac OSX Optimization Apple Script

excelente tópico e, pessoalmente, com grande interesse, dado ter entrado também no computer audio com a introdução do DAC externo no sistema. Como ja tinha referido, uso o Audirvana+ e tenho gostado imenso da forma como ele dispõe a base de dados e interface. O som julgo ser tb bom, mas não tenho como comparar.

Tem me dado um trabalho adicional, já que tenho estado aos poucos a passar os cd para disco rígido. Aconselhas algum tipo de hard drive externo em particular, Ricardo? Ou são todos a mesma coisa para esse fim?

E não sendo expert informático, não entendi bem a parte que referiste da vantagem na exclusividade da ligação usb entre o pc e o dac... eu tenho lá também o disco rígido com as músicas ligado. Há outra forma de ligar o disco ao PC?

A terceira questão que te coloco (desculpa a avalanche de dúvidas) é sobre as gravações dos cd em si. Eu tenho estado a usar como software de gravação, o programa Ashampoo, de windows, que é simples e tem-me dado para o que pretendo, mas que, agora para áudio não sei se será o mais aconselhável. O objectivo seria conservar nos rips a máxima qualidade dos cd - que são originais que possuo - e que pretendia assim permanecer nas gravações feitas. De outro modo não fazia sentido prescindir do leitor de cd. Tive em tempos o excelente Exact Audio Copy, mas com o tempo perdi-o e já não o tenho. Para além de, na altura, ter tido dificuldades na complexa configuração do mesmo (que julgo até que era gratuito). Pelo que diziam, era excelente. Não sei se faz diferença para os demais, Nero, etc.

Obrigado e cumprimentos.

O ideal é ter dois discos, um a uso e outro para back up, especialmente se compras ficheiros ou se tencionas vender os CDs ripados.
Alguns "especialistas" dizem que não se deve utilizar a placa de USB para o disco e para o DAC em simultâneo mas é possível que o teu PC tenha duas entradas.
Quanto à extração do conteúdo do CD, muitos são os que defendem que se deve utilizar o AccurateRip para verificar se o rip foi bem efectuado.
Podes descarregar o ExactAudioCopy aqui:

http://www.exactaudiocopy.de

Um abraço,
Ricardo

Excelente tópico.
Apesar de não ser grande especialista neste assunto, usei em tempos o Exact Audio Copy para ripar os CDs para o disco rígido, ou melhor, para o SSD (que traz vantagens a vários níveis) e usei um gravador de CD da Plextor para o efeito, fazendo a leitura a 4x (infelizmente é a mais baixa permitida pelo gravador). Penso que hoje em dia não é possível na maioria dos leitores internos dos portáteis conseguir uma velocidade baixa de leitura dos ficheiros, mas tenho a impressão que isso é importante, pois noutros tempos em que se faziam cópias de CD este era um tema muito discutido e da maior importância, uma coisa é certa, ninguém me apanha a fazer rip dos meus CDs num aparelho qualquer. Mas voltando ao Exact Audio Copy, é muito bem referenciado, gostei imenso das configurações que este disponibiliza e é claro, gostei imenso do resultado final.

Confesso que não aderi ao computer audio por causa da qualidade de som, mas para economizar espaço, fazer uma cópias de uns CDs dos amigos e acima de tudo para passar a comprar música quase exclusivamente em alta resolução. Já ouvi sistemas baseados em MAC OS a soar muito bem, o meu sistema baseado em Windows também não se porta mal. É certo que o resultado final depende muito do DAC utilizado, mas o dispositivo que faz a leitura dos ficheiros tem a mesma importância que o DAC, pelo menos por agora. Uma coisa é certa, até agora não ouvi um sistema a ler ficheiros que soasse tão bem como um leitor de CD de preço equivalente.

manel1 escreveu:Excelente tópico.
Apesar de não ser grande especialista neste assunto, usei em tempos o Exact Audio Copy para ripar os CDs para o disco rígido, ou melhor, para o SSD (que traz vantagens a vários níveis) e usei um gravador de CD da Plextor para o efeito, fazendo a leitura a 4x (infelizmente é a mais baixa permitida pelo gravador). Penso que hoje em dia não é possível na maioria dos leitores internos dos portáteis conseguir uma velocidade baixa de leitura dos ficheiros, mas tenho a impressão que isso é importante, pois noutros tempos em que se faziam cópias de CD este era um tema muito discutido e da maior importância, uma coisa é certa, ninguém me apanha a fazer rip dos meus CDs num aparelho qualquer. Mas voltando ao Exact Audio Copy, é muito bem referenciado, gostei imenso das configurações que este disponibiliza e é claro, gostei imenso do resultado final.

Confesso que não aderi ao computer audio por causa da qualidade de som, mas para economizar espaço, fazer uma cópias de uns CDs dos amigos e acima de tudo para passar a comprar música quase exclusivamente em alta resolução. Já ouvi sistemas baseados em MAC OS a soar muito bem, o meu sistema baseado em Windows também não se porta mal. É certo que o resultado final depende muito do DAC utilizado, mas o dispositivo que faz a leitura dos ficheiros tem a mesma importância que o DAC, pelo menos por agora. Uma coisa é certa, até agora não ouvi um sistema a ler ficheiros que soasse tão bem como um leitor de CD de preço equivalente.

Obrigado Ricardo.

No que se refere ao armazenamento dos ficheiro, que deve ser externo, a única vantagem do SSD - ser silencioso - é largamente anulada pelas desvantagens - preço elevado e capacidade reduzida.

Quanto às drives de CD/DVD, ao contrário do que se passa na gravação/burning de CDs a velocidade de leitura na extração/ripping é irrelevante.

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ricardo onga-ku escreveu:No que se refere ao armazenamento dos ficheiro, que deve ser externo, a única vantagem do SSD - ser silencioso - é largamente anulada pelas desvantagens - preço elevado e capacidade reduzida.

Quanto às drives de CD/DVD, ao contrário do que se passa na gravação/burning de CDs a velocidade de leitura na extração/ripping é irrelevante.

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Sendo externo estou de acordo que melhor será um disco rígido e não SSD pelas razões apresentadas, mas, no meu caso uso o mesmo disco do computador para armazenar os ficheiros, e aí o simples facto de ter um acesso mais rápido aos ficheiros, bem como a ausência de vibração, melhora a performance. Aliás, tenho amigos que usam o PC Audio para aceder a ficheiros armazenados numa NAS e afirmam que a qualidade de som é melhor quando a leitura é feita a partir do disco do computador em comparação com a leitura a partir da NAS.

Quanto ao segundo paragrafo não tenho opinião formada, apenas uma ideia vaga que me leva a jogar pelo seguro, mas oportunamente farei experiências para tirar isso a limpo, pois se for como diz, posso ganhar imenso tempo.

manel1 escreveu:

ricardo onga-ku escreveu:No que se refere ao armazenamento dos ficheiro, que deve ser externo, a única vantagem do SSD - ser silencioso - é largamente anulada pelas desvantagens - preço elevado e capacidade reduzida.

Quanto às drives de CD/DVD, ao contrário do que se passa na gravação/burning de CDs a velocidade de leitura na extração/ripping é irrelevante.

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Sendo externo estou de acordo que melhor será um disco rígido e não SSD pelas razões apresentadas, mas, no meu caso uso o mesmo disco do computador para armazenar os ficheiros, e aí o simples facto de ter um acesso mais rápido aos ficheiros, bem como a ausência de vibração, melhora a performance. Aliás, tenho amigos que usam o PC Audio para aceder a ficheiros armazenados numa NAS e afirmam que a qualidade de som é melhor quando a leitura é feita a partir do disco do computador em comparação com a leitura a partir da NAS.

Quanto ao segundo paragrafo não tenho opinião formada, apenas uma ideia vaga que me leva a jogar pelo seguro, mas oportunamente farei experiências para tirar isso a limpo, pois se for como diz, posso ganhar imenso tempo.

Rippar ficheiros é das tarefas mais chatas que há...
Fui obrigado a fazê-lo para não ter de trazer os CDs e o leitor para o RU (as casas de cá são minúsculas) e perdi muitos meses com a brincadeira.

Um dos grandes problemas do computador é gerar interferências EM e RF que aparentemente ficam embebidas na stream que alimenta o DAC.
Daí ser tão importante optimizar o sistema operativo para desactivar todas as tarefas e controladores desnecessários.
Ler os ficheiros de disco externo (USB, FireWire, Thunderbolt), de uma NAS por Ethernet ou Wi-Fi gera menos "lixo" do que de um disco interno, seja ele HDD ou SSD.
Mas o desempenho depende também de outros factores como a qualidade dos circuitos, fonte de alimentação, placas de USB e de rede, etc.

Pelo que tenho lido uma das soluções consideradas mais eficazes está em utilizar um computador potente para processar os ficheiros que são enviados em stream para um mini computador tipo Cubox onde está instalado um sistema operativo mínimo e software NAA (network audio adapter) que por sua vez alimenta o DAC.
O computador e o mini-computador devem ser ligados por rede óptica para evitar a transmissão de interferências geradas no computador.

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Dos vários leitores de ficheiros que experimentei aquele cujo som/desempenho gostei mais foi o HQPlayer.
O seu grande defeito é o browser pelo que tenho usado o iTunes para navegar pela minha musicoteca e depois abrir os ficheiros no HQ Player.
Mas após várias tentavas para melhorar a simbiose entre os dois programas descobri que é possível selecionar um álbum ou algumas faixas no iTunes e arrastá-las directamente para a janela do HQ Player:



Esta última versão memoriza a posição da janela depois de se sair do programa e permite posicionar a barra de ferramentas na vertical:


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Boas Ricardo.

O HQPlayer é pago? Se for, quanto é a subscrição? Eu como paguei ha pouco o Audirvana+, terei de me manter com ele.

E o itunes é compatível com o HQPlayer?

Olá Luís,

O HQ Player custa €120+IVA mas se não te fizer diferença podes usar a versão demo que se desliga ao fim de cada 30 minutos.
É um leitor independente mas como gosto muito do browser do iTunes o que faça é abrir os dois em simultâneo como a foto acima e arrasto os álbuns ou as faixas do primeiro para dentro do HQ Player.

Mas o Audirvana+ também é muito bom.

Um abraço,
Ricardo

Obrigado Ricardo.

Ainda irei experimentá-lo um destes dias.

Orion escreveu:Obrigado Ricardo.

Ainda irei experimentá-lo um destes dias.

Qual é o teu DAC?
Se precisares de ajuda para configurar os filtros e o upsampling apita.

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