Led Zeppelin em vinil - Comparativo interessante YouTube

Neste video do YouTube é possível ouvir várias versões / reedições do Led Zeppelin II em comparativo A/B, apesar do tipo que fez o video ser uma seca a falar e não perceber muito do que fala, na parte final (a partir do minuto 3:37) tem uma edição original "RL" a tocar e comparar com outras versão original, e com reedições "antigas" da Classic Records, Mobile Fidelity, uma edição Japonesa e a mais recente reedição de 2014.



Aqui:
»»»»»» Link directo para minuto 3:37

O video é interessante porque em poucos minutos demonstra bem como as reedições de 2014 (as que estão actualmente no mercado) são excelentes, provavelmente é a versão mais parecida com o original, por uma fracção mínima do preço. Também demonstra bem como a edição Japonesa não grande coisa, o enrolamento dos extremos das frequências denúncia a utilização de uma cópia da master pouco cuidada, como é aliás habitual com as edições daquele país em termos de fontes utilizadas e masterização. As reedições da Classic Records e da Mobile Fidelity são muito boas, mas na verdade não se destacam da reedição recente de 2014, são perfeitamente comparáveis entre si e a preferência fica relegada para pormenores e detalhes que serão melhores ou piores dependendo do gosto pessoal de cada um... e, claro, essas versões são muito mais caras e difíceis de encontrar em estado novo ou semelhante.

Hoje em dia ainda se vão fazendo excelentes reedições em vinil LP, mesmo no mercado não-audiófilo há muita coisa boa e que vale mesmo a pena

Um amigo meu que as comparou também (ambas as versoes original antiga e remaster) já me tinha dado essa mesma opinião. O que é bom assim sendo.

Concordo inteiramente com o SergioRZ e lendo um pouco nas entrelinhas - pois dou mais ênfase à primazia das originais - foi isso que tentei transmitir no que escrevi há tempos:

Para mim, as melhores versões do disco são as originais americana e inglesa, pelo que será com estas que comparo a reedição. Resumidamente:

1) 1969 US RL Monarch: + palco, dinâmica e grave
2) 1969 US RL Presswell: + palco, dinâmica e grave
3) 1969 UK A2/B2: + grave, ligeiramente menos definido e dinâmico
4) 2014 Euro AI/BI JD + detalhe

Vinda directamente das master tapes, a RL é, quase unanimemente, a versão de excelência deste disco. Robert Ludwig terá feito história ao elevar os graves a tal ponto que o crossley rasca da filha do dono da Atlantic não conseguiu tocar o disco. Isto fez com que os RL fossem retirados do mercado e, novamente, masterizado o disco nos EUA. Neste momento, estas versões são ainda mais raras e procuradas que as originais inglesas.
A versão UK A2/A2 tem a curiosidade de algumas cópias terem sido prensadas com um erro na label (Living Loving Wreck onde se deveria ler Living Loving Maid), no entanto, era a versão que mais próxima estava da americana, embora possa ter sido cortada a partir de cópia das fitas originais.
A mais recente remasterização foi supervisionada pelo próprio Jimmy Page, com o intuíto de fazer soar os Zeppelin como sempre deveriam ter soado.

A californiana Monarch 1) é menos pujante e definida, relativamente à Presswell 2), retirando alguma da agressividade natural da música, no entanto, compensa (e de que maneira) com um som polido e suave que a tornam no santo graal dos coleccionadores deste disco. É uma questão de preferência pessoal e as diferenças são tão infímas que não merecem mais reparos, RL já é suficientemente difícil de encontrar em boas condições para esmiuçar.
A inglesa 3) parece algo comprimida em relação às americanas, mas novamente, não é por grande margem. A RL tem mais "espaço", numa dinâmica clara e aberta, mas os níveis de grave da inglesa sobressaem e conferem um tom mais férreo à música, com mais distorção que as outras versões.
A nova 4) procura o paradigma da RL, mantendo os médios e agudos bastante dinâmicos e definidos, no entanto, nunca a consegue superar. Uma diferença evidente nesta reedição está na Lemon Song: O som nasalado desta música, conseguido através do sacrifício dos médios e agudos, está hoje mais encorpado e equilibrado. Também em Bring it On Home, a magia lo-fi dos blues se perde um pouco para o perfeccionismo clínico (calma, estamos a falar dos Zeppelin). Talvez, por degradação das fitas, esta 4) não consiga ser tão explosiva como as outras versões, o que se sente ainda mais na Heartbreaker e Whole Lotta Love. Possivelmente, a voz do Plant soa tão bem aqui como na RL.

Politicamente correcto, para quem não consegue encontrar os originais em estado impecável, a reedição torna-se muito apetecível, demonstrando um esforço sincero de apresentar uma versão credível de um dos melhores álbuns rock de sempre. Também, mesmo comparada aos originais, fornece uma experiência auditiva diferente e o detalhe que traz à música é difícil de ignorar.
Incorrecta, mas honestamente, a melhor versão deste álbum é a RL. Sem mais. Vale a procura (quando se paga menos de € 100,00 por ela) e não haverá remasterização que a supere. O som "live" da UK A2 é mais intenso do que a remasterização e a sensação de que a terra treme quando os Zeppelin passam é o verdadeiro apelo da banda.

A minha preferência:
- 2) Presswell RL, por ser mais definida e pujante;
- 1) Monarch RL, é infimamente menos pujante que a Presswell, mas mais equilibrada;
- 3) UK A2/B2, pela força do baixo e distorção, mas mais comprimida que as RL;
- 4) 2014 JD, tem definição e transparência e tenta replicar a dinâmica da RL.

Obrigado Luís pela partilha do texto, é sempre com prazer que te "escuto" quando abordamos esses temas. Assim, por aqui, estás mais que à vontade para ires partilhando connosco mais dessas tuas sendas investigadoras nesse campo tão especial.

paul_eno escreveu:Concordo inteiramente com o SergioRZ e lendo um pouco nas entrelinhas - pois dou mais ênfase à primazia das originais - foi isso que tentei transmitir no que escrevi há tempos:

Para mim, as melhores versões do disco são as originais americana e inglesa, pelo que será com estas que comparo a reedição. Resumidamente:

1) 1969 US RL Monarch: + palco, dinâmica e grave
2) 1969 US RL Presswell: + palco, dinâmica e grave
3) 1969 UK A2/B2: + grave, ligeiramente menos definido e dinâmico
4) 2014 Euro AI/BI JD + detalhe

Vinda directamente das master tapes, a RL é, quase unanimemente, a versão de excelência deste disco. Robert Ludwig terá feito história ao elevar os graves a tal ponto que o crossley rasca da filha do dono da Atlantic não conseguiu tocar o disco. Isto fez com que os RL fossem retirados do mercado e, novamente, masterizado o disco nos EUA. Neste momento, estas versões são ainda mais raras e procuradas que as originais inglesas.
A versão UK A2/A2 tem a curiosidade de algumas cópias terem sido prensadas com um erro na label (Living Loving Wreck onde se deveria ler Living Loving Maid), no entanto, era a versão que mais próxima estava da americana, embora possa ter sido cortada a partir de cópia das fitas originais.
A mais recente remasterização foi supervisionada pelo próprio Jimmy Page, com o intuíto de fazer soar os Zeppelin como sempre deveriam ter soado.

A californiana Monarch 1) é menos pujante e definida, relativamente à Presswell 2), retirando alguma da agressividade natural da música, no entanto, compensa (e de que maneira) com um som polido e suave que a tornam no santo graal dos coleccionadores deste disco. É uma questão de preferência pessoal e as diferenças são tão infímas que não merecem mais reparos, RL já é suficientemente difícil de encontrar em boas condições para esmiuçar.
A inglesa 3) parece algo comprimida em relação às americanas, mas novamente, não é por grande margem. A RL tem mais "espaço", numa dinâmica clara e aberta, mas os níveis de grave da inglesa sobressaem e conferem um tom mais férreo à música, com mais distorção que as outras versões.
A nova 4) procura o paradigma da RL, mantendo os médios e agudos bastante dinâmicos e definidos, no entanto, nunca a consegue superar. Uma diferença evidente nesta reedição está na Lemon Song: O som nasalado desta música, conseguido através do sacrifício dos médios e agudos, está hoje mais encorpado e equilibrado. Também em Bring it On Home, a magia lo-fi dos blues se perde um pouco para o perfeccionismo clínico (calma, estamos a falar dos Zeppelin). Talvez, por degradação das fitas, esta 4) não consiga ser tão explosiva como as outras versões, o que se sente ainda mais na Heartbreaker e Whole Lotta Love. Possivelmente, a voz do Plant soa tão bem aqui como na RL.

Politicamente correcto, para quem não consegue encontrar os originais em estado impecável, a reedição torna-se muito apetecível, demonstrando um esforço sincero de apresentar uma versão credível de um dos melhores álbuns rock de sempre. Também, mesmo comparada aos originais, fornece uma experiência auditiva diferente e o detalhe que traz à música é difícil de ignorar.
Incorrecta, mas honestamente, a melhor versão deste álbum é a RL. Sem mais. Vale a procura (quando se paga menos de € 100,00 por ela) e não haverá remasterização que a supere. O som "live" da UK A2 é mais intenso do que a remasterização e a sensação de que a terra treme quando os Zeppelin passam é o verdadeiro apelo da banda.

A minha preferência:
- 2) Presswell RL, por ser mais definida e pujante;
- 1) Monarch RL, é infimamente menos pujante que a Presswell, mas mais equilibrada;
- 3) UK A2/B2, pela força do baixo e distorção, mas mais comprimida que as RL;
- 4) 2014 JD, tem definição e transparência e tenta replicar a dinâmica da RL.

Fantástico! Muito obrigado por esse resumo bem investigado e justificado, concordo inteiramente nas partes que conheço (algumas não tive oportunidade de ouvir ao vivo, só em rips ou online).

Obrigado aos dois!

Foi realmente um trabalho de amor, mas com os Zeppelin tinha de ser assim.

As RL foram dos discos mais caros que comprei e, claro que a sua sonoridade ainda faz a diferença, mas a remaster de 2014 (isto vale para quase todos os álbuns) é muito boa.

Para quem quer ouvir Zeppelin em vinil, mas não faz muita questão de procurar os originais ou - como na maior parte dos casos estão danificados, procura uma prensagem limpa - as remasters são opções baratas e muito bem conseguidas.

o que é uma lufada de ar fresco face a outras remaster que por vezes vem tão más. Lá está temos de as conhecer (ou perguntar aos amigos entendidos na matéria    )

Por exemplo, os remasters dos discos de Patricia Barber - o Sergio deve as conhecer muito bem - achei que maioritariamente estão muito boas, mas no meu caso (que comprei alguns) apanhei ali uma excepção (ou então fui eu que tive azar). Nao me recordo qual deles foi que veio mais modesto, mas os outros vieram muito bons. A ver se depois deixo aqui o que achei menos bem conseguido (face aos originais, claro, que são discos superlativos).

Mas ja foi bom terem saido, os preços desses originais dessa grande voz do jazz (no mercado dos usados), eram simplesmente obscenos. Tomara eu que - por exemplo - discos de cantores assim não tão antigos - como Mighty Sam Mc Clain, fossem também remasterizados em qualidade. É um suplício para os arranjar em qualidade.

paul_eno escreveu:Obrigado aos dois!

Foi realmente um trabalho de amor, mas com os Zeppelin tinha de ser assim.

As RL foram dos discos mais caros que comprei e, claro que a sua sonoridade ainda faz a diferença, mas a remaster de 2014 (isto vale para quase todos os álbuns) é muito boa.

Para quem quer ouvir Zeppelin em vinil, mas não faz muita questão de procurar os originais ou - como na maior parte dos casos estão danificados, procura uma prensagem limpa - as remasters são opções baratas e muito bem conseguidas.

Dos que pude ouvir e comparar, apenas houve um que não me pareceu tão bom, pelo menos está algo "estranho" com pouca extensão de frequências, que é o Physical Graffiti... o remaster tem pouco punch, passou-se ali algo pouco normal, e que não detectei em nenhum dos outros remasters da série. Neste caso concreto penso que vale a pena procurar uma edição mais ou menos vintage (não necessariamente uma primeira prensagem, mas perto disso) de UK ou talvez Alemã, em excelente estado.

SergioRZ escreveu:

paul_eno escreveu:Obrigado aos dois!

Foi realmente um trabalho de amor, mas com os Zeppelin tinha de ser assim.

As RL foram dos discos mais caros que comprei e, claro que a sua sonoridade ainda faz a diferença, mas a remaster de 2014 (isto vale para quase todos os álbuns) é muito boa.

Para quem quer ouvir Zeppelin em vinil, mas não faz muita questão de procurar os originais ou - como na maior parte dos casos estão danificados, procura uma prensagem limpa - as remasters são opções baratas e muito bem conseguidas.

Dos que pude ouvir e comparar, apenas houve um que não me pareceu tão bom, pelo menos está algo "estranho" com pouca extensão de frequências, que é o Physical Graffiti... o remaster tem pouco punch, passou-se ali algo pouco normal, e que não detectei em nenhum dos outros remasters da série. Neste caso concreto penso que vale a pena procurar uma edição mais ou menos vintage (não necessariamente uma primeira prensagem, mas perto disso) de UK ou talvez Alemã, em excelente estado.

As reedições recentes (2016?) em vinil da Diana Krall devem ser "boazinhas" (como a cantora ehheeheh), mas nunca as ouvi. As que conheço e são realmente boas são as da Americana ORG, em LP's duplos 45rpm Mas nem todos os albuns foram reeditados por eles...

"Hoje em dia ainda se vão fazendo excelentes reedições em vinil LP, mesmo no mercado não-audiófilo há muita coisa boa e que vale mesmo a pena"

Pois... Depende das pessoas... se um dos donos da música (grupo ou editora) quizerem fazer as coisas "bem feitinhas" e caso as "masters" (analógias ou digitais) permitam, têm hoje um conjunto de ferramentas de inigualável qualidade quando comparadas com o que se utilizou (sobretudo a partir da 2ª parte da década de 90's e até 2007/8/9/10 e 11).
parece-me também que alguns músicos (com o avanço da idade) não previligiam tanto a questão económica. Passam a valorizar mais o que fizeram no passado e pretendem deixar o seu legado, registado e arquivado da melhor forma possível, para as gerações do presente e do futuro.

Lá diz a velha máxima, a maturidade vem com a idade...

Mas é isso mesmo Fifas.