Cascais Jazz 2009 - Jazz Legends

O Cascais Jazz encerrou a sua edição de 2009 (realizada depois de 21 anos de interregno), apresentando cinco grandes nomes que percorreram muitas das etapas da história do Jazz moderno e que marcaram presença, ao longo dos anos, neste mítico festival, no saudoso pavilhão do Dramático de Cascais. Em palco e bem à nossa frente, estiveram, cerca das 18h00 deste Domingo, cinco verdadeiras lendas na pátria do Jazz: Phil Woods no saxofone, Lew Soloff na trompete, Cedar Walton no piano, Rufus Reid no contrabaixo e Jimmy Cobb na bateria.

Após tido algum cuidado para sermos dos primeiros a entrar a fim de uma escolha priveligiada do local a ficar, lá nos acomodámos e logo pudemos constatar os objectos mágicos inertes à nossa frente. Aqueles pelo qual estas lendas fabricariam o fruto dos nossos sonhos. Que belos instrumentos musicais que aguardavam o momento solene...

Como referi, pouco depois das anunciadas 18 horas, o grande momento chegara e, de forma apoteótica, surgiam os 5 anciões do Jazz;

Feita a introdução pelo carismático Phil Woods, veio de seguida aquilo pelo qual todos expectávamos...

Do concerto em si, palavras para quê? Se a perfeição existisse, sei que se assemelharia ao por nós ali testemunhado.

Uma actuação sublime, uma sinergia impar, uma acústica muito bem conseguida... fórmula ideal para gerar em todos os presentes a emoção quase incontida que vivenciámos. Uma amplificação bem estudada e por isso, nada exagerada, pelo que, não se dava aqui o chamado efeito de som de colunas.

Outro pormenor delicioso que contribuiu deveras para a interpretação dos 5 magníficos, fora a poderosa carga emocional empregue pelos próprios na música que tocavam. O resultado foi uma empatia avassaladora entre nós e eles. Foi comovedor e, pessoalmente, foi com um nó na garganta que sai daquele palco dos sonhos.

Acabáda a sua performance, os mestres sairam ao som de fortes palmas que não cessaram de bater...

...sim, nem cessavam, nem esmoreciam, tal era o ruido arrepiante por elas produzido. Em uníssono um público grato e incansável pela tarde/noite inesquecível, clamava por mais, não se conformava por algo assim ter um fim... e então, após longos e - volto a adjectivar - arrepiantes 12 minutos(!) passados, todos nós, firmes e hirtos como totens num altar de crença máxima, fomos agraciados pelo encore a nós trazido, como que uma concedência dos deuses.

O único senão fora a ausência do esforçado Phil que, não obstante ter-nos dado o seu máximo, na parte final apresentava já nítidas dificuldades respiratórias, tendo mesmo chegado a valer-se de uma bombinha de asma por duas vezes. Assim sendo, liderados agora por Lew Soloff (um autêntico ás em toda a actuação), fizeram o pleno com a derradeira maravilha musical até ao cair do pano...

Como cereja adornando o bolo, posso com orgulho dizer que, depois deste (verdadeiro) final, deu para trocar algumas palavras com o grande (literalmente ) Rufus, pessoa de uma amabilidade contagiante e através dele aferir da condição do seu colega de palco, tendo-nos explicado que, nestes últimos tempos, problemas respiratórios o afectavam, mas que já estava minimamente bem. É claro que os belos dos autógrafos não podiam ser esquecidos (dele e de Mr. Cobb) selados com um forte e sentido aperto de mão .

Para a posteridade, o concerto ficou bem vincado nas nossas memórias, como recordação comovida de um concerto único e irrepetível que deixou a todos a certeza de que os 30 euros de bilhete foram excelentemente bem empregues.

Vida longa e próspera para tais ilustres seres - estes sim - verdadeiramente galácticos.

Em acessório:

- Durante a realização do Cascais Jazz 2009 a Projazz/DM-Produções propôs-se ainda levar a cabo duas iniciativas paralelas que contribuiram para fazer reviver a memória do festival. A primeira foi uma Exposição Permanente, situada no primeiro piso do edifício do Centro de Congressos, na qual foram apresentados todos os Programas oficiais do “Cascais Jazz”, entre 1971 e 1988, com as respectivas capas e páginas centrais digitalizadas e a referência a todos os elencos que actuaram no mítico Pavilhão do Dramático de Cascais no período referido. A segunda foi a projecção, no mesmo espaço, antes e depois do início do concerto “Cascais Jazz Legends”, de excertos significativos de filmes / vídeos das edições do “Cascais Jazz” realizadas nas mesmas datas.

- A história do Cascais Jazz foi recentemente contada de forma detalhada no livro de que são autores os mesmos organizadores Projazz/DM-Produções.



Uma parte dessa história ficou registada nos vídeos realizados então pela RTP e que se aproveitou para recordar, apresentando duas estreias absolutas no Youtube: Didier Lockwood (Cascais Jazz 1980) e L.A. Four (Cascais Jazz 1981).

https://www.youtube.com/watch?v=xKhFFupk05s&feature=player_embedded

https://www.youtube.com/watch?v=FjQ1hdscfrg&feature=player_embedded

https://www.youtube.com/watch?v=VDDGQK-Qxyw&feature=player_embedded

https://www.youtube.com/watch?v=T8qlUQ-3WmQ&feature=player_embedded

https://www.youtube.com/watch?v=PUlc84Gi2CE&feature=player_embedded

https://www.youtube.com/watch?v=b9vwVFemAvg&feature=player_embedded

https://www.youtube.com/watch?v=qsuxojmhIbc&feature=player_embedded

(By Orion)

Fica aqui um pequeno video que fizemos e as fotos tiradas por nós

21 anos de interregno? Bolas estava mesmo convencido que era muito menos.

Excelente reportagem.

PS: O próximo gajo que me mandar MMS a fazer pirraça tá tramado comigo

Mango escreveu:21 anos de interregno? Bolas estava mesmo convencido que era muito menos.

Excelente reportagem.

PS: O próximo gajo que me mandar MMS a fazer pirraça tá tramado comigo

Não sabes o que perdeste!!!

Então os malandos andam a enviar mms a meter-te pirraça?? estes malandros!!!!

Segue PM

eheh

Boa tarde a todos,

É a minha primeira intervenção neste fórum. Sendo espectador assiduo do festival de jazz do Estoril, resta-me
repor de justiça que o bom som que se fez sentir durante o espectáculo se deve também ( não só ao sistema Line-array instalado ) ao excelente técnico de som que estava na FOH. O seu nome é Jorge Gonçalves e foi em tempos o importador da Estereosom que os mais velhos decerto se recordam . Resta-me acrescentar que o Jorge Gonçalves é o responsável pela parte técnica do referido festival ( Cascais e Estoril ). Estando pessoalmente ligado ao meio do som profissional, é justo dizer que não basta ter um bom sistema de som de frente, as "mãos" do técnico são a parte decisiva do resultado final.

Cumprimentos a todos

C.M

c_n_m escreveu:Boa tarde a todos,

É a minha primeira intervenção neste fórum. Sendo espectador assiduo do festival de jazz do Estoril, resta-me
repor de justiça que o bom som que se fez sentir durante o espectáculo se deve também ( não só ao sistema Line-array instalado ) ao excelente técnico de som que estava na FOH. O seu nome é Jorge Gonçalves e foi em tempos o importador da Estereosom que os mais velhos decerto se recordam . Resta-me acrescentar que o Jorge Gonçalves é o responsável pela parte técnica do referido festival ( Cascais e Estoril ). Estando pessoalmente ligado ao meio do som profissional, é justo dizer que não basta ter um bom sistema de som de frente, as "mãos" do técnico são a parte decisiva do resultado final.

Cumprimentos a todos

C.M

E assim fizeste tu bem, caro C.M., pois é dever das boas regras do forista, contribuir para facultar toda a informação de que se tenha, ainda para mais provindo a mesma de fonte priveligiada . Agradeço-te por isso.

Os outros concertos não vi, mas já falei com quem viu e, à imagem daquilo que vivenciámos neste Domingo, tens razão no que dizes, pois foram também muito bons. Da Equipa Audiopt e Fórum em geral, faz-lhes chegar os nossos sinceros parabéns .

Mango escreveu:O próximo gajo que me mandar MMS a fazer pirraça tá tramado comigo

Eheheheh, no meio da sublime performance dos 5 magníficos, não resisti... e a foto malandra saiu e foi ter aos contactos de alguns malandros .

Prometo não sonegar nenhuma informação vital que contribua para o bem estar dos membros do fórum
e farei chegar o vosso apreço ao Jorge Gonçalves. As pessoas que contribuem para a dinamização do jazz em Portugal, merecem de facto um bem haja. E nada como ouvir musica ao vivo para ter uma bitola para melhor avaliar os sistemas que temos em casa.
Abraço

c_n_m escreveu: As pessoas que contribuem para a dinamização do jazz em Portugal, merecem de facto um bem haja. E nada como ouvir musica ao vivo para ter uma bitola para melhor avaliar os sistemas que temos em casa.
Abraço

A promoção do Jazz está garantida neste espaço com cada vez mais apaixonados do género. É, em minha opinião, uma das mais belas formas de musica.
Quanto ao ouvir musica ao vivo, e não sendo um espectador regular, é verdade que se pode avaliar um sistema, apesar de nalguns casos a bitola ser demasiado elevada e inatingível para um sistema de som caseiro.
Já falei aqui neste espaço da minha ida ao Village Vanguard em NY e aquilo a que assisti foi um som inigualável.
Infelizmente a vida profissional nem sempre o permite, mas se estiver em terras lusas aquando do próximo Estoril Jazz, lá estarei com a restante cambada de malucos deste espaço.