NAD C355BEE Versus Marantz PM 6010 OSE

Sendo o sistema residente existente há alguns anos, embora o mesmo esteja completamente operacional e em excelente estado, podendo quase ser considerado “como novo”, impunha-se um upgrade, que neste caso começou pelo amplificador integrado.
Passo a descrever os aspectos sónicos do sistema ainda com o amplificador Marantz. A potência declarada de 50 watts por canal é bastante musculada, considerando a leitura de revistas da especialidade, cujos testes demonstraram sempre potências bastante acima disto, na casa de 70 ou mais watts, que penso ser verdade.
Neste sistema o registo que peca mais é o do grave, que não tem a presença vincada que gostaria que tivesse. É um grave articulado e com bastante extensão, mas não faz jus aos pergaminhos da marca, sendo mais notório em gravações músicais onde o grave é bastante acentuado, tipo electrónica, rap ou hip hop. Este registo ouve-se melhor com altos volumes, pois a baixo volume não é muito notório. Já na gama média, este amplificador brilha, com um registo aberto, presente e claro, as vozes ouvem-se destacadas, embora pela falta de algum registo grave, perde-se um pouco o corpo das mesmas. Em cordas, pianos e instrumentos do género, o som é muito bom, nítido e fluente, acompanhado por um agudo dócil e não muito estridente, embora que por vezes este registo agudo fique algo “escondido” por certas frequências da gama média que tendencialmente se sobrepõem. No geral é um som agradável, mas uma mudança era pedida, pois ao fim de alguns anos, a rotina musical a nível de equipamentos de reprodução leva naturalmente a um certo desencanto e ai um upgrade é a solução.
O NAD C355BEE foi inserido no mesmo sistema, sem qualquer alteração, excepto claro o Marantz que agora aguarda que apareça novo dono. A primeira coisa que se notou foi um grave potente e sempre presente, quer a altos volumes, quer a baixos! Contudo a gama média pareceu algo mais fechada e menos presente, quanto ao agudo, este é extenso, e separado, e a música detalhada. Embora ainda no período de queima, a minha curiosidade musical foi mais forte e este teste foi efectuado, mais tarde outro igual será feito, caso o Marantz ainda esteja por cá.
O primeiro cd de teste e principal foi dos Enigma – The Remix Collection, detentor de bastantes graves, e agudos, neste cd consegue-se encontrar praticamente tudo que se queira para este tipo de testes. Na faixa 3 tem uma passagem de tambores acompanhados com uma reverberação de fundo algo profunda, tipo bass de subwoofer. Ai o NAD em termos de presença e musculação do grave ganha o Marantz por muitos pontos, apenas notei que o Marantz consegue no som de reverberação do grave que acompanha os tambores uma extenção mais que o do NAD, ou seja esta reverberação parece que se estende um pouco mais, no NAD é mais seca a acaba derepente, no Marantz há como que um pequeno “eco” neste grave que o faz prolongar-se um pouco mais. Isto confere uma certa beleza neste grave, mas o NAD tem mais presença, mais força. Quiçá os meus ouvidos estão habituados aos anos que passei a ouvir som “Marantz” e não NAD, pois cada marca e cada amplificador tem o seu “cunho” pessoal. Não sei que benefícios o período de queima trará ao grave do NAD, mas espero que apareça aquele pequeno ultimo sussurro que o Marantz tem, mas neste momento e mesmo sem isto, prefiro sem quaisquer dúvidas o grave do NAD. Na gama média o NAD está um pouco fechado nas vozes, que parecem não se querer destacar, ai o Marantz consegue melhor, se calhar devido à sua falta de graves, que podem fazer as vozes destacarem-se melhor. As vozes no Marantz parecem que se fazem ouvir “mais altas” do que no NAD, no NAD as vozes têm mais corpo devido ao grave, embora sejam menos evidentes, as vozes no Marantz são mais “finas”, pois são desprovidas de algum grave, que no NAD soam mais cimentadas. Como isto foi um teste algo complicado pois ouvia-se no NAD, pausava-se o cd e mudava-se os cabos de coluna e interconnects e então pressionava-se o pause do leitor de cd para este reproduzir e claro que não é a mesma coisa que ter um outro sistema igual lado a lado, pelo que muitas das opiniões neste teste são baseados na experiência de anos a ouvir sempre o mesmo sistema e conhecer o mesmo ao mais ínfimo pormenor. No registo agudo o NAD ganha e bem, pois este é mais separado do resto do som, não sendo sobreposto pela gama média.
Uma coisa que notei foi que a potência declarada do NAD de 80 watts por canal, embora seja maior que a declarada de 50 watts por canal do Marantz, não faz uma diferença do dia para a noite, embora consiga-se uma pressão sonora maior no NAD, com um melhor controle do som em alto volume. Mas por vezes fico com a sensação que o NAD encontra alguma dificuldade em conduzir as Mission, principalmente em certos cd’s com melhor qualidade de gravação ou gravados com um volume de gravação mais baixo. Poderá ser apenas impressão minha.
Um aspecto notório neste teste é que o NAD veio a revelar sons que nunca tinha percebido com o Marantz, vim a descobrir que há mais nas gravações que pensava tão bem conhecer. Também na generalidade com o NAD foi como que tirar uma cortina de frente das colunas, o som é mais presente com mais resolução e mais nítido, apresentando a musica como que em camadas ao contrario do Marantz que criava uma imagem musical algo misturada, não assim tão nítida e perceptiva como o NAD. O som do NAD é doce e mais frontal, com uma imagem espacial muito maior que o Marantz, saindo bem para fora das colunas. Apenas espero que o NAD venha a desenvolver uma gama média mais “saliente”, isto a nível de vozes, pois neste momento estas ainda estão algo “escondidas”, será que melhorarão com o período de queima? Alguem pode me informar este periodo de queima quanto tempo é e que melhorias devo de esperar?
“All in all”, estou bem satisfeito com o NAD, mas se calhar para obter aquela sinergia em alguns aspectos do sistema que tinha com o Marantz, seja necessário um upgrade à fonte, e por ai adiante, pois tratando-se de um amplificador superior, o NAD precisará de “acompanhantes” que lhe façam jus para o que foi concebido e penso que o primeiro "acompanhante" possa ser o leitor de cd's NAD C545BEE, até no próprio site na NAD está lá dito que este leitor de cd's é o companheiro ideal para o NAD C355BEE, mas ai peço a vossa ajuda em me darem a vossa opinião acerca disto.
Penso que o actual sistema, embora bastante bom para Marantz, já para o NAD encontra-se desactualizado, dai parecer em alguns aspectos soar melhor, mas construindo um sistema à volta do NAD C355BEE, este ficará num patamar bastante superior, por enquanto resta esperar que o NAD passe o período de queima com distinção.
J.Costa