As gravações andam loucas
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As gravações andam loucas
Se eu fosse um reputado jornalista do meio, este texto podia ser uma crónica.
Na minha condição de humilde consumidor, estas linhas não passam de um desabafo.
Quando me estão quase a acabar os pintos, perdão, os CDs da Deutsche, que comprei a um preço inacreditável, e longe de estarem concluídas as obras e mudanças na sala da música, resolvi por uns momentos, destapar os analógicos, e pôr um disquinho dos recém chegados a tocar. Para acender as válvulas, para dar trabalho aos motores, para dizer olá à alta tensão dos painéis, enfim, para matar saudades. Até aqui tudo bem.
O pior foi quando a meio do disco, reparei que o som do prato de choques, (hi-
-hat, sock-hat, chimbau, ou o que lhe quiserem chamar) tinha passado para o lado esquerdo. Como sei que o produtor e a banda em questão gostam de variar, pensei - olha, nesta faixa puseram um gajo canhoto a tocar -.
Consultei os créditos, não conhecia o sujeito, portanto fiquei sem saber se era dextro, canhoto, ambidextro ou malabarista. Nas músicas seguintes, confirmei que a bateria tinha sido gravada pelo mesmo gajo, só que o dito prato de choques estava do lado direito. Aí fiquei fulo. Os gajos estavam a gozar com a malta, até porque seria impossível tratar-se de um erro de panorâmica, só naquela música (e se assim fosse, então estavam mesmo a chuchar connosco).
Esta treta dos produtores e engenhocas não terem cuidado com as panorâmicas, irrita-me sobremaneira. Lembro-me de, há uns largos anos, ter escrito para a Epic (não me ligaram nenhuma, claro) perguntando se o baterista num disco de Stanley Clarke era o homem borracha. É que a bateria tinha sons encostados à esquerda e à direita (hard panned) e portanto o homem era elástico, ou tinha braços com 2 metros.
Também me irritam solenemente os discos de bateristas (alguns até têm música bastante boa) em que os talentos misturam a sua bateria em P.O.V., como se o ouvinte estivesse sentado na bateria. E depois o resto da banda nas suas posições normais. E é sempre possível confirmar, porque na maioria dos casos já tive o prazer de assistir a concertos ao vivo dos ditos.
Já aqui se escreveu que as gravações, no que toca a artimanhas de mistura, em lugar de beneficiar das novas tecnologias, tendem a ficar um bocado estúpidas. Eu não seria tão radical, mas que anda para aí muita porcaria à solta, sem dúvida. E na dita música erudita também.
Um dia arranjo coragem para escrever sobre os meus heróis de há muito: Wilma Cozart e Robert Fine. Acho que é um assunto que interessa a todos os audiófilos.
Uma história que acho quase obrigatória ser divulgada. E para quem já conhece, tudo o que eu aprender é precioso.
Boas audições,
Mário
Na minha condição de humilde consumidor, estas linhas não passam de um desabafo.
Quando me estão quase a acabar os pintos, perdão, os CDs da Deutsche, que comprei a um preço inacreditável, e longe de estarem concluídas as obras e mudanças na sala da música, resolvi por uns momentos, destapar os analógicos, e pôr um disquinho dos recém chegados a tocar. Para acender as válvulas, para dar trabalho aos motores, para dizer olá à alta tensão dos painéis, enfim, para matar saudades. Até aqui tudo bem.
O pior foi quando a meio do disco, reparei que o som do prato de choques, (hi-
-hat, sock-hat, chimbau, ou o que lhe quiserem chamar) tinha passado para o lado esquerdo. Como sei que o produtor e a banda em questão gostam de variar, pensei - olha, nesta faixa puseram um gajo canhoto a tocar -.
Consultei os créditos, não conhecia o sujeito, portanto fiquei sem saber se era dextro, canhoto, ambidextro ou malabarista. Nas músicas seguintes, confirmei que a bateria tinha sido gravada pelo mesmo gajo, só que o dito prato de choques estava do lado direito. Aí fiquei fulo. Os gajos estavam a gozar com a malta, até porque seria impossível tratar-se de um erro de panorâmica, só naquela música (e se assim fosse, então estavam mesmo a chuchar connosco).
Esta treta dos produtores e engenhocas não terem cuidado com as panorâmicas, irrita-me sobremaneira. Lembro-me de, há uns largos anos, ter escrito para a Epic (não me ligaram nenhuma, claro) perguntando se o baterista num disco de Stanley Clarke era o homem borracha. É que a bateria tinha sons encostados à esquerda e à direita (hard panned) e portanto o homem era elástico, ou tinha braços com 2 metros.
Também me irritam solenemente os discos de bateristas (alguns até têm música bastante boa) em que os talentos misturam a sua bateria em P.O.V., como se o ouvinte estivesse sentado na bateria. E depois o resto da banda nas suas posições normais. E é sempre possível confirmar, porque na maioria dos casos já tive o prazer de assistir a concertos ao vivo dos ditos.
Já aqui se escreveu que as gravações, no que toca a artimanhas de mistura, em lugar de beneficiar das novas tecnologias, tendem a ficar um bocado estúpidas. Eu não seria tão radical, mas que anda para aí muita porcaria à solta, sem dúvida. E na dita música erudita também.
Um dia arranjo coragem para escrever sobre os meus heróis de há muito: Wilma Cozart e Robert Fine. Acho que é um assunto que interessa a todos os audiófilos.
Uma história que acho quase obrigatória ser divulgada. E para quem já conhece, tudo o que eu aprender é precioso.
Boas audições,
Mário
Convidad- Convidado
Re: As gravações andam loucas
M Fernandes escreveu:
Um dia arranjo coragem para escrever sobre os meus heróis de há muito: Wilma Cozart e Robert Fine.
Que esse dia chegue depressa.
Convidad- Convidado
Re: As gravações andam loucas
M Fernandes escreveu:Um dia arranjo coragem para escrever sobre os meus heróis de há muito: Wilma Cozart e Robert Fine.
Isso requer uma sugestão musical:
E um link:
Wilma Cozart Fine is Mercury -> http://www.soundfountain.com/amb/mercury.html
ricardo onga-ku- Equipa Audiopt - Colaborador
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Re: As gravações andam loucas
António,
Tenho tanta admiração por este casal que não sei se me devo atrever.
Ricardo,
A sugestão é muito boa.
O título do link é que é bera. Está ao contrário. Devia ler-se Mercury is Wilma Cozart (Fine).
Abraços para vocês.
Mário
Post Scriptum: Já imaginaram o que é um gajo receber ansiosamente um tweeter que tinha ido para reparação, depois de uma carga de trabalhos para o montar no seu devido sítio, constatar que após ter sido rebobinado, os contactos foram trocados, e por isso está fora de fase? Isto é possível? Só me acontece a mim?
Tenho tanta admiração por este casal que não sei se me devo atrever.
Ricardo,
A sugestão é muito boa.
O título do link é que é bera. Está ao contrário. Devia ler-se Mercury is Wilma Cozart (Fine).
Abraços para vocês.
Mário
Post Scriptum: Já imaginaram o que é um gajo receber ansiosamente um tweeter que tinha ido para reparação, depois de uma carga de trabalhos para o montar no seu devido sítio, constatar que após ter sido rebobinado, os contactos foram trocados, e por isso está fora de fase? Isto é possível? Só me acontece a mim?
Convidad- Convidado
Re: As gravações andam loucas
[quote="M Fernandes"]
Tenho tanta admiração por este casal que não sei se me devo atrever.
quote]
amigo Mário
atreva-se por favor
Tenho tanta admiração por este casal que não sei se me devo atrever.
quote]
amigo Mário
atreva-se por favor
Convidad- Convidado
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