Cambridge Azur 840 E ( Pre Amplificador )
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Cambridge Azur 840 E ( Pre Amplificador )
Há já algum tempo que andava à procura de um pré amplificador. Sem pressas, a decisão de compra passaria obrigatoriamente por um equipamento que trouxesse uma mais valia inequívoca ao meu sistema, daquelas que se reconhecem instantaneamente e não deixam margem para qualquer dúvida. O pareceu-me que melhorou… ou, melhorou substancialmente ali mas piorou acoli, não servem para mim. A minha bolsa obriga-me a ser criterioso nas escolhas. E poderia um pré amplificador fazer essa diferença ? Os que nos últimos tempos por cá passaram não fizeram de todo, nem mesmo um pré amplificador passivo (*) de construção DIY, que não deixou de me impressionar dada a singeleza da construção versus resultados obtidos. Mas ainda que me dissessem que com este equipamento estava a garantir a pureza do sinal oriundo da fonte, nada lhe acrescentando ou retirando, antes fazendo a entrega imaculada ao amplificador, a verdade é que isso não era bastante para mim, já que o meu desejo era que alterasse efectivamente. O som precisava de ser mexido, e eu procurava agora na pré amplificação aquele up grade que nos faz reconciliar com o sistema e com a música, e nos consegue prender ao sofá durante horas a fio de puro prazer. Reforcei ainda mais esta ideia ao ler o Eng. Jorge Gonçalves na áudio de Março, no teste ao leitor Chord Red Ference falar em “…sons de uma maviosidade tal que quase me faziam deslizar pela cadeira abaixo. Apenas uma vez em toda a minha vida de crítico me recordo de ter encontrado um equipamento que por si só, quando integrado no meu sistema, me fizesse sentir este tipo de diferença, e foi ele o pré-amplificador Mark Levinson nº 32, um componente que nunca esquecerei.” Era isso que eu também procurava, e como a experiência alheia testemunhava, podia vir a encontrar num pré-amplificador. Mas quando conseguiria ? Por onde procurar ? A ansiedade estava instalada, tanto mais quanto pensava nas caprichosas das minhas Sonus Faber Grand Piano Home, as quais, apesar das virtudes que cedo lhes reconheci quando há mais de meia dúzia de anos me decidi pela sua compra, a verdade é que durante este tempo todo de convivência, teimosamente foram jogando às escondidas comigo, nunca parecendo querer exibir todas essas qualidades em simultâneo. Consoante a amplificação, consoante a fonte, consoante os cabos , ora umas qualidades ora outras prevaleciam, numa brincadeira enervante que quase me impelia à sua venda. Parecia não haver equipamento com habilidade suficiente para as fazer cantar em todo o seu esplendor, capaz de materializar as vozes sem arrastar o grave, brilhar nas altas frequências mas sem limite de volume, conseguir um som com ritmo, força, poder, sem contudo perder a sua identidade própria Sonus Faber, aquela forma quase perfumada de me fazer chegar a musica. E poderia eu vendê-las ficando com a sensação que nunca tinha explorado todo o seu potencial ? Se o vil metal abundasse, talvez tivesse já conseguido sentá-las no divã, e, qual psicanalista, obrigado a deitar tudo cá para fora. Ou talvez não. Começo a pensar que há uma ordem na vida de cada um de nós, ordem que inexoravelmente trilhamos mesmo sem darmos conta. Alguns chamam-lhe destino. Por isso eu tinha de conhecer o meu amigo João Gouveia (**).
Que havia de perceber o meu dilema e ajudar-me nesta busca sem pressas mas sistemática. Para ser franco, este era até um equipamento no qual não depositava grandes expectativas, confesso. Por um lado a marca nunca me fora próxima e por outro, o grande número de entradas e facilidades que oferece, faziam-me suspeitar um pouco da sua qualidade sonora. Ainda assim não podia de maneira nenhuma enjeitar a oportunidade de o experimentar ! O João queria que eu ouvisse também o power, todavia as suas respeitáveis dimensões e peso, dificultaram a logística e dificultariam igualmente o seu encaixe no móvel residente, inamovível e insubstituível. Dizer que cabia à tangente não chega já que este pequeno monstro de 200 w precisa de espaço para respirar, tal a temperatura que atinge. Apesar disso não lamentei totalmente já que me considerava razoavelmente bem servido em matéria de amplificação de potência, ideia que saiu reforçada da convivência com este pré. A 1ª associação que me vem à cabeça para ilustrar o que este pré fez pelo meu som, é o despertar. De manhã quando acordo, com o quarto completamente às escuras, naturalmente acendo em 1º lugar o candeeiro. Remedeia até ao momento em que subo os estores e deixo a luz natural entrar. Com grande naturalidade e sem qualquer esforço sobrepõe-se à iluminação artificial e inunda o quarto de uma claridade que tudo torna absolutamente claro e distinto. De repente, a escuridão onde as Sonus Faber viviam simplesmente desapareceu. Os sons, em vez de parecerem oriundos de um buraco negro do qual nunca se libertavam totalmente, pareciam agora luminosos raios de luz provocados pela explosão de uma super nova. E explosão é a palavra certa para definir o que aconteceu. Desde logo explosão de potência. Sim de potência embora esteja a falar apenas de pré amplificação. A tensão e extensão inéditas do grave criaram raízes poderosas para deixar florescer a árvore da música, cujas ramificações ao nível da rapidez e do ritmo, me deixaram boquiaberto de espanto e de satisfação. Aos 30 segundos de audição eu já sabia que o ia comprar ! Eu que até defendo períodos mais ou menos longos de convivência com os equipamentos, antes de tirar conclusões definitivas. Mas tudo soou desde logo tão poderoso e coerente que não havia lugar para grandes dúvidas. Os sons chegavam-me com uma força que me fez passar a respeitar os 80 w do power residente. Sempre o respeitei em termos de prestações, mas em termos de potência olhava-o com alguma indiferença. Não tinha ainda percebido que não era um gato mas sim um tigre. Enjaulado ainda não tinha sentido verdadeiramente o seu poder. E aquilo que este pré fez foi abrir a porta para o animal selvagem sair. Do impacto nos tímpanos, ao impacto no peito, ao impacto nas coisas. Com o volume puxado a níveis impressionantes, pela 1ª vez senti os móveis tremer e, até uma das portas de um armário que fecha por íman se abriu! Inevitável verificar o curso dos altifalantes e ate este me deixou boquiaberto. Nunca os vi correrem tanto. Impressionante! A letargia tinha terminado. Já li aqui pela net inúmeras questões quanto à potência dos amplificadores, e sinto que a maioria das pessoas procura mais e mais potência, nunca esta parecendo suficiente. Cuidado. Garanto-vos, que ligados a este pré, 80 w metem imenso respeitinho. Aliada a toda esta sensação de poder, ou melhor, fazendo parte integrante dela, aconteceu uma igualmente tremenda explosão de dinâmica. Macro e micro. Esta última fazendo sobressair todos os pormenores da trama musical, pelo efeito de uma enorme agilidade e rapidez de resposta a transientes, que deu nova vida a toda a minha colecção de Cd´s. Claro que os melhor gravados sobressaem, permitindo sobretudo elevar a audição a outros níveis de pressão sonora, mas até as gravações mas antigas e outrora execráveis, ganharam uma nova alma, ganharam pelo menos o direito a serem ouvidas, já que algumas jaziam na prateleira, quiçá à espera de um milagre que lhes pudesse dar novamente vida. E milagre é de facto a melhor palavra para falar da macro dinâmica. Agora já posso ouvir música clássica ! Não toda que estou longe de ser um indefectível da clássica, mas há coisas absolutamente obrigatórias, e chegou a hora de começar a preencher a colecção sempre adiada. Mas deixem-me fazer um reparo. Estou a falar de dinâmica, mas quero realçar que o contraste entre o som mais baixo produzido e o mais alto era já enorme, todavia o que este pré amplificador conseguiu foi libertar o som, deixando-o fluir livremente sem sinais de compressão. Livre deste terrível sintoma da compressão, torna-se impossível não ceder à tentação de rodar o potenciómetro, e a experiência musical, sobretudo com a clássica onde os contrastes dinâmicos são maiores, pode agora ser uma experiência… assustadora. Curiosamente, tinha tendência, se calhar como muitos de vós a associar a sensação de compressão às gravações, já que numa ou outra mais "audiófila" o sistema atingia um desempenho satisfatório, e por conseguinte tendia a considerar que o problema estava nas outras. Engano rotundo. O que é preciso é uma electrónica de qualidade, sobretudo então com colunas difíceis como as minhas. Difíceis, dirão vocês ? Com 90 db de sensibilidade ? Sim, difíceis para revelarem tudo o que têm. Tocar tocam com qualquer coisa. Tocar bem é que é outra história. Mas o incrível é que este equipamento produz(iu) tudo isto, sem adicionar corantes ou conservantes ao som. Antes pelo contrário. O som ficou mais transparente que nunca, numa verdadeira explosão de cor. As diferentes tonalidades dos diferentes instrumentos, eram agora fabulosamente evidenciadas, com uma correcção timbrica imediatamente sentida pela verosimilhança com o seu timbre real. O maior número de harmónicas contribuía para a percepção correcta dos mesmos e dava agora ao texto musical uma riqueza, um refinamento, quase uma luxúria poucas vezes experimentada, no meu ou outro qualquer sistema. Foi assim uma explosão de requinte, uma vez que todas as qualidades evidenciadas pelo equipamento concorrem em tempo certo e na dose certa para construírem um todo musical absolutamente envolvente, capaz de demonstrar inequivocamente que a música tem alma, tal a forma assaz desarmante como a revela. Cada instrumento, cada som produzido, ocupa o seu exacto lugar e tempo, e nenhum outro. Fica-nos a sensação de plenitude, de tudo ter sido dito, tudo ter sido mostrado, numa explosão de detalhe que me surpreendeu imenso provavelmente por ignorância. Fazia lá eu ideia que um pré amplificador pudesse extrair tanta informação da fonte. Afinal, pensava eu que a sua função era apenas préamplificar o que daquela lhe chegasse. Nesse sentido, a teoria do pré amplificador passivo fazia todo o sentido, ou seja, deixar passar intacto o sinal oriundo da fonte, parecia ser a melhor forma de preservar a integridade do sinal. Mas não poucas vezes em áudio temos de libertar-nos da teoria, e deixar a prática dizer-nos qual é o caminho. A quantidade e qualidade de informação que passou a chegar aos meus ouvidos foi avassaladora. Alguns instrumentos saíram da penumbra e vieram finalmente dar o contributo que lhes estava destinado na trama musical. Mas surgem com naturalidade, não usurpando o lugar de nenhum outro, num equilíbrio notável, sendo de toda a pertinência realçar a sua presença a volumes baixos de audição, sendo bom sentirmos que pouco ou nada se perde se tivermos necessidade de ouvir sem importunar a vizinhança. Esta presença resulta clara também pela excelente separação instrumental e imagem estéreo proporcionada por este pré. Aliás, estou a tentar sistematizar para que quem tiver a paciência de me ler perceba, mas não é fácil, já que o conjunto de qualidades deste equipamento forma um todo harmonioso e inseparável. Daí que o resultado final seja uma explosão de musicalidade no sentido em que musica e sons se fundem (quase) na perfeição. Não mais preciso de estar focado nos sons porque estes chegam agora com naturalidade em abundância e em pormenor. Em simbiose perfeita com A MUSICA, nenhum som chama agora para si a atenção, porque o todo vale agora muito mais que as partes. Mas a qualquer momento, posso focar a atenção nos sons, e sentir aquele perfume que vinha procurando e que acho que todos procuramos, nós aqueles que não nos satisfazemos em ouvir música de qualquer maneira e encetámos esta busca por um grau de satisfação maior no momento de a escutar. E aqui já vocês deduziram a explosão de alegria proporcionada por este equipamento. Logo a seguir às colunas, o meu maior up-grade de sempre.
Aspectos negativos ? Tirando o ruído dos relés quando se aumenta/diminui o volume (tac, tac, tac,), diria que notei um ligeiro endurecimento da gama média, mas a volumes já pouco recomendáveis, para lá de 3/4 do potenciómetro, volumes que muitos nem sequer usarão, nomeadamente aqueles que vivem em apartamento. Mas esta é uma crítica que pode pecar por injusta, pois apesar do elogio atrás feito ao power residente, não sei até que ponto, nestes níveis a que me refiro, (assim tipo arraial ) não será o power a claudicar. E agora alguns de vós perguntarão: se o aparelho tivesse outros defeitos, ou mais defeitos que virtudes, teria ainda assim eu escrito alguma coisa sobre ele ? Claro que não. Porquê ? Porque é feio cuspir na sopa. Então o meu amigo João fazia o favor de me permitir esta experiência e eu no fim ainda vinha para aqui dizer mal ? Vem isto a propósito dos muitos ataques sistemáticos feitos aqui pela net às revistas de áudio (sobretudo a Áudio), devido ao facto de apenas aparecerem testes com pareceres e opiniões positivas. Do que atrás já afirmei, percebo e concordo que seja preferível nada dizer a dizer mal. Hipocrisia dirão alguns. Mas a vida é mesmo assim. A frontalidade absoluta tem um preço por vezes demasiado caro. Pensem nisto: conhecem ou não uma ou outra pessoa que tem o hábito de proclamar em voz alta a sua absoluta frontalidade e efectivamente faz questão de apontar o dedo a tudo e todos e desbocadamente dizer o que lhe vem à cabeça ? Pergunto: gostam de conviver com essa pessoa ? Essa pessoa tem efectivamente amigos? Quantos ? E já agora digam-me: o que procuram aqueles que anseiam pelas críticas negativas ? Que lhes digam o que não comprar ?
Sinceramente não sei o que um pré amplificador de 2, 3 ou 10 vezes o preço deste pode fazer mais e melhor. Nunca experimentei nenhum, mas atrevo-me a pensar que se calhar não faz. Mas de qualquer forma eu não preciso de mais, e não vou perder mais tempo e dinheiro a procurar. Provavelmente a mais valia de um equipamento 10 vezes mais caro nem se reflectiria no meu sistema, ou a reflectir-se não justificaria a diferença do investimento. Tanto me faz que a crítica especializada lhe seja indiferente ou o eleve à categoria de peça recomendada, escolha acertada, ou equipamento do ano. Para mim é inquestionavelmente o equipamento de uma vida. E tal como em Batman – O Início, quando a personagem interpretada por Morgan Freeman apresenta ao patrão Bruce Wayne aquele que viria a ser o seu Batcarro, igualmente deslumbrado apenas perguntei ao João : does it come in black ?
(*) Pré amplificador passivo é coisa que não existe como podem ler em http://www.geocities.com/fabiomauriciotimi/passivo.htm
(**) João Gouveia de A Pauca Sed Bona (http://www.paucasedbona.pt/ ), a quem mando um abraço
http://www.cambridgeaudio.com/summary.php?PID=286&Title=Azur+840E+pre+amplifier
Que havia de perceber o meu dilema e ajudar-me nesta busca sem pressas mas sistemática. Para ser franco, este era até um equipamento no qual não depositava grandes expectativas, confesso. Por um lado a marca nunca me fora próxima e por outro, o grande número de entradas e facilidades que oferece, faziam-me suspeitar um pouco da sua qualidade sonora. Ainda assim não podia de maneira nenhuma enjeitar a oportunidade de o experimentar ! O João queria que eu ouvisse também o power, todavia as suas respeitáveis dimensões e peso, dificultaram a logística e dificultariam igualmente o seu encaixe no móvel residente, inamovível e insubstituível. Dizer que cabia à tangente não chega já que este pequeno monstro de 200 w precisa de espaço para respirar, tal a temperatura que atinge. Apesar disso não lamentei totalmente já que me considerava razoavelmente bem servido em matéria de amplificação de potência, ideia que saiu reforçada da convivência com este pré. A 1ª associação que me vem à cabeça para ilustrar o que este pré fez pelo meu som, é o despertar. De manhã quando acordo, com o quarto completamente às escuras, naturalmente acendo em 1º lugar o candeeiro. Remedeia até ao momento em que subo os estores e deixo a luz natural entrar. Com grande naturalidade e sem qualquer esforço sobrepõe-se à iluminação artificial e inunda o quarto de uma claridade que tudo torna absolutamente claro e distinto. De repente, a escuridão onde as Sonus Faber viviam simplesmente desapareceu. Os sons, em vez de parecerem oriundos de um buraco negro do qual nunca se libertavam totalmente, pareciam agora luminosos raios de luz provocados pela explosão de uma super nova. E explosão é a palavra certa para definir o que aconteceu. Desde logo explosão de potência. Sim de potência embora esteja a falar apenas de pré amplificação. A tensão e extensão inéditas do grave criaram raízes poderosas para deixar florescer a árvore da música, cujas ramificações ao nível da rapidez e do ritmo, me deixaram boquiaberto de espanto e de satisfação. Aos 30 segundos de audição eu já sabia que o ia comprar ! Eu que até defendo períodos mais ou menos longos de convivência com os equipamentos, antes de tirar conclusões definitivas. Mas tudo soou desde logo tão poderoso e coerente que não havia lugar para grandes dúvidas. Os sons chegavam-me com uma força que me fez passar a respeitar os 80 w do power residente. Sempre o respeitei em termos de prestações, mas em termos de potência olhava-o com alguma indiferença. Não tinha ainda percebido que não era um gato mas sim um tigre. Enjaulado ainda não tinha sentido verdadeiramente o seu poder. E aquilo que este pré fez foi abrir a porta para o animal selvagem sair. Do impacto nos tímpanos, ao impacto no peito, ao impacto nas coisas. Com o volume puxado a níveis impressionantes, pela 1ª vez senti os móveis tremer e, até uma das portas de um armário que fecha por íman se abriu! Inevitável verificar o curso dos altifalantes e ate este me deixou boquiaberto. Nunca os vi correrem tanto. Impressionante! A letargia tinha terminado. Já li aqui pela net inúmeras questões quanto à potência dos amplificadores, e sinto que a maioria das pessoas procura mais e mais potência, nunca esta parecendo suficiente. Cuidado. Garanto-vos, que ligados a este pré, 80 w metem imenso respeitinho. Aliada a toda esta sensação de poder, ou melhor, fazendo parte integrante dela, aconteceu uma igualmente tremenda explosão de dinâmica. Macro e micro. Esta última fazendo sobressair todos os pormenores da trama musical, pelo efeito de uma enorme agilidade e rapidez de resposta a transientes, que deu nova vida a toda a minha colecção de Cd´s. Claro que os melhor gravados sobressaem, permitindo sobretudo elevar a audição a outros níveis de pressão sonora, mas até as gravações mas antigas e outrora execráveis, ganharam uma nova alma, ganharam pelo menos o direito a serem ouvidas, já que algumas jaziam na prateleira, quiçá à espera de um milagre que lhes pudesse dar novamente vida. E milagre é de facto a melhor palavra para falar da macro dinâmica. Agora já posso ouvir música clássica ! Não toda que estou longe de ser um indefectível da clássica, mas há coisas absolutamente obrigatórias, e chegou a hora de começar a preencher a colecção sempre adiada. Mas deixem-me fazer um reparo. Estou a falar de dinâmica, mas quero realçar que o contraste entre o som mais baixo produzido e o mais alto era já enorme, todavia o que este pré amplificador conseguiu foi libertar o som, deixando-o fluir livremente sem sinais de compressão. Livre deste terrível sintoma da compressão, torna-se impossível não ceder à tentação de rodar o potenciómetro, e a experiência musical, sobretudo com a clássica onde os contrastes dinâmicos são maiores, pode agora ser uma experiência… assustadora. Curiosamente, tinha tendência, se calhar como muitos de vós a associar a sensação de compressão às gravações, já que numa ou outra mais "audiófila" o sistema atingia um desempenho satisfatório, e por conseguinte tendia a considerar que o problema estava nas outras. Engano rotundo. O que é preciso é uma electrónica de qualidade, sobretudo então com colunas difíceis como as minhas. Difíceis, dirão vocês ? Com 90 db de sensibilidade ? Sim, difíceis para revelarem tudo o que têm. Tocar tocam com qualquer coisa. Tocar bem é que é outra história. Mas o incrível é que este equipamento produz(iu) tudo isto, sem adicionar corantes ou conservantes ao som. Antes pelo contrário. O som ficou mais transparente que nunca, numa verdadeira explosão de cor. As diferentes tonalidades dos diferentes instrumentos, eram agora fabulosamente evidenciadas, com uma correcção timbrica imediatamente sentida pela verosimilhança com o seu timbre real. O maior número de harmónicas contribuía para a percepção correcta dos mesmos e dava agora ao texto musical uma riqueza, um refinamento, quase uma luxúria poucas vezes experimentada, no meu ou outro qualquer sistema. Foi assim uma explosão de requinte, uma vez que todas as qualidades evidenciadas pelo equipamento concorrem em tempo certo e na dose certa para construírem um todo musical absolutamente envolvente, capaz de demonstrar inequivocamente que a música tem alma, tal a forma assaz desarmante como a revela. Cada instrumento, cada som produzido, ocupa o seu exacto lugar e tempo, e nenhum outro. Fica-nos a sensação de plenitude, de tudo ter sido dito, tudo ter sido mostrado, numa explosão de detalhe que me surpreendeu imenso provavelmente por ignorância. Fazia lá eu ideia que um pré amplificador pudesse extrair tanta informação da fonte. Afinal, pensava eu que a sua função era apenas préamplificar o que daquela lhe chegasse. Nesse sentido, a teoria do pré amplificador passivo fazia todo o sentido, ou seja, deixar passar intacto o sinal oriundo da fonte, parecia ser a melhor forma de preservar a integridade do sinal. Mas não poucas vezes em áudio temos de libertar-nos da teoria, e deixar a prática dizer-nos qual é o caminho. A quantidade e qualidade de informação que passou a chegar aos meus ouvidos foi avassaladora. Alguns instrumentos saíram da penumbra e vieram finalmente dar o contributo que lhes estava destinado na trama musical. Mas surgem com naturalidade, não usurpando o lugar de nenhum outro, num equilíbrio notável, sendo de toda a pertinência realçar a sua presença a volumes baixos de audição, sendo bom sentirmos que pouco ou nada se perde se tivermos necessidade de ouvir sem importunar a vizinhança. Esta presença resulta clara também pela excelente separação instrumental e imagem estéreo proporcionada por este pré. Aliás, estou a tentar sistematizar para que quem tiver a paciência de me ler perceba, mas não é fácil, já que o conjunto de qualidades deste equipamento forma um todo harmonioso e inseparável. Daí que o resultado final seja uma explosão de musicalidade no sentido em que musica e sons se fundem (quase) na perfeição. Não mais preciso de estar focado nos sons porque estes chegam agora com naturalidade em abundância e em pormenor. Em simbiose perfeita com A MUSICA, nenhum som chama agora para si a atenção, porque o todo vale agora muito mais que as partes. Mas a qualquer momento, posso focar a atenção nos sons, e sentir aquele perfume que vinha procurando e que acho que todos procuramos, nós aqueles que não nos satisfazemos em ouvir música de qualquer maneira e encetámos esta busca por um grau de satisfação maior no momento de a escutar. E aqui já vocês deduziram a explosão de alegria proporcionada por este equipamento. Logo a seguir às colunas, o meu maior up-grade de sempre.
Aspectos negativos ? Tirando o ruído dos relés quando se aumenta/diminui o volume (tac, tac, tac,), diria que notei um ligeiro endurecimento da gama média, mas a volumes já pouco recomendáveis, para lá de 3/4 do potenciómetro, volumes que muitos nem sequer usarão, nomeadamente aqueles que vivem em apartamento. Mas esta é uma crítica que pode pecar por injusta, pois apesar do elogio atrás feito ao power residente, não sei até que ponto, nestes níveis a que me refiro, (assim tipo arraial ) não será o power a claudicar. E agora alguns de vós perguntarão: se o aparelho tivesse outros defeitos, ou mais defeitos que virtudes, teria ainda assim eu escrito alguma coisa sobre ele ? Claro que não. Porquê ? Porque é feio cuspir na sopa. Então o meu amigo João fazia o favor de me permitir esta experiência e eu no fim ainda vinha para aqui dizer mal ? Vem isto a propósito dos muitos ataques sistemáticos feitos aqui pela net às revistas de áudio (sobretudo a Áudio), devido ao facto de apenas aparecerem testes com pareceres e opiniões positivas. Do que atrás já afirmei, percebo e concordo que seja preferível nada dizer a dizer mal. Hipocrisia dirão alguns. Mas a vida é mesmo assim. A frontalidade absoluta tem um preço por vezes demasiado caro. Pensem nisto: conhecem ou não uma ou outra pessoa que tem o hábito de proclamar em voz alta a sua absoluta frontalidade e efectivamente faz questão de apontar o dedo a tudo e todos e desbocadamente dizer o que lhe vem à cabeça ? Pergunto: gostam de conviver com essa pessoa ? Essa pessoa tem efectivamente amigos? Quantos ? E já agora digam-me: o que procuram aqueles que anseiam pelas críticas negativas ? Que lhes digam o que não comprar ?
Sinceramente não sei o que um pré amplificador de 2, 3 ou 10 vezes o preço deste pode fazer mais e melhor. Nunca experimentei nenhum, mas atrevo-me a pensar que se calhar não faz. Mas de qualquer forma eu não preciso de mais, e não vou perder mais tempo e dinheiro a procurar. Provavelmente a mais valia de um equipamento 10 vezes mais caro nem se reflectiria no meu sistema, ou a reflectir-se não justificaria a diferença do investimento. Tanto me faz que a crítica especializada lhe seja indiferente ou o eleve à categoria de peça recomendada, escolha acertada, ou equipamento do ano. Para mim é inquestionavelmente o equipamento de uma vida. E tal como em Batman – O Início, quando a personagem interpretada por Morgan Freeman apresenta ao patrão Bruce Wayne aquele que viria a ser o seu Batcarro, igualmente deslumbrado apenas perguntei ao João : does it come in black ?
(*) Pré amplificador passivo é coisa que não existe como podem ler em http://www.geocities.com/fabiomauriciotimi/passivo.htm
(**) João Gouveia de A Pauca Sed Bona (http://www.paucasedbona.pt/ ), a quem mando um abraço
http://www.cambridgeaudio.com/summary.php?PID=286&Title=Azur+840E+pre+amplifier
Mr.Spock- Membro Audiopt
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Re: Cambridge Azur 840 E ( Pre Amplificador )
Por acaso procurava um artigo como este, mas ficaria mais completo se nos diesses os pré que ja experimentaste
Cumps
Cumps
Convidad- Convidado
Re: Cambridge Azur 840 E ( Pre Amplificador )
Parabens pelo upgrade e pelo review Mr.Spock
P.S. Fico sempre contente em ver os nossos colegas partiharem a suas experiencias positivas. Isso e muito bom pois elas poderao ser uteis a outros
Um abraco
Carlos
P.S. Fico sempre contente em ver os nossos colegas partiharem a suas experiencias positivas. Isso e muito bom pois elas poderao ser uteis a outros
Um abraco
Carlos
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Re: Cambridge Azur 840 E ( Pre Amplificador )
Foi exactamente esse o intuito: partilhar.
Não tive intenção nunca de fazer um teste comparativo pois foram muitos mais os prés que não testei
Passaram por cá 3 pres dedicados de marcas diferentes + um pré passivo de construção DIY, não esquecendo a secção de pré amplificação do meu Denon 3805.
E a ideia era continuar a procurar de uma forma sistematica. Mas a sinergia no meu sistema foi assim como amor à primeira ...eh...audição
Quem andar à procura de um pré e tenha ficado curioso com o meu desabafo, deve procurar ouvir :partyman:
Não tive intenção nunca de fazer um teste comparativo pois foram muitos mais os prés que não testei
Passaram por cá 3 pres dedicados de marcas diferentes + um pré passivo de construção DIY, não esquecendo a secção de pré amplificação do meu Denon 3805.
E a ideia era continuar a procurar de uma forma sistematica. Mas a sinergia no meu sistema foi assim como amor à primeira ...eh...audição
Quem andar à procura de um pré e tenha ficado curioso com o meu desabafo, deve procurar ouvir :partyman:
Mr.Spock- Membro Audiopt
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Re: Cambridge Azur 840 E ( Pre Amplificador )
Já agora o Pré custa mais ou menos quantos aérios?
Convidad- Convidado
Re: Cambridge Azur 840 E ( Pre Amplificador )
Pode ver aqui o preçario
http://www.supportview.pt/index.php?page=c-audio
http://www.supportview.pt/index.php?page=c-audio
Mr.Spock- Membro Audiopt
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Re: Cambridge Azur 840 E ( Pre Amplificador )
Nessa faixa de preço nao seria bom considerar o rotel RC-1082 ? ou um NuForce P-9 ou P8? um Arcam - FMJ C31?
seria interessante
seria interessante
Convidad- Convidado
Re: Cambridge Azur 840 E ( Pre Amplificador )
Claro que sim.
Mas se o meu amigo anda à procura de um pré...não deixe de considerar este Cambridge
Mas se o meu amigo anda à procura de um pré...não deixe de considerar este Cambridge
Mr.Spock- Membro Audiopt
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Re: Cambridge Azur 840 E ( Pre Amplificador )
Claro que não deixo de considerar o cambridge
Eu na verdade até tenho um 640 Azur que poderia tentar experimentar como pré, simplesmente trata-se de um amplificador e não sei se tem incoveniente por tocar apenas como pre, isto é sem ligação de colunas
Cumps
Eu na verdade até tenho um 640 Azur que poderia tentar experimentar como pré, simplesmente trata-se de um amplificador e não sei se tem incoveniente por tocar apenas como pre, isto é sem ligação de colunas
Cumps
Convidad- Convidado
Re: Cambridge Azur 840 E ( Pre Amplificador )
Não percebi...
Considera usar o seu como pré ?
Então está interessado é no power, certo ?
Considera usar o seu como pré ?
Então está interessado é no power, certo ?
Mr.Spock- Membro Audiopt
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Re: Cambridge Azur 840 E ( Pre Amplificador )
Viva
Não estou interessando num power, mas sim somente num pré
Cumps
Não estou interessando num power, mas sim somente num pré
Cumps
Convidad- Convidado
Re: Cambridge Azur 840 E ( Pre Amplificador )
Este power é uma grande maquina.O som é fantastico a construção é fantastica as inumeras possibilidades de ligação são fantasticas,uff...é preciso dizer mais,ou aqueles mais teimosos vão pensar que,enfim;é um Cambridge Audio.Pois eu digo,que é,mas quem diria.Meus amigos só ouvindo...Mr.Spock escreveu:Não percebi...
Considera usar o seu como pré ?
Então está interessado é no power, certo ?
castro- Membro Audiopt
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Re: Cambridge Azur 840 E ( Pre Amplificador )
Ouviu-o com o 840 E ou com outro pré de outra marca ?
Mr.Spock- Membro Audiopt
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Re: Cambridge Azur 840 E ( Pre Amplificador )
Tive a possibilidade de o ouvir com o meu processador Integra em modo sterero direct,(atenção que este processador é muito bom a tocar em stereo)e fiquei muito bem impressionado,ganha aos pontos ao meu Rotel RB 1080,e acredito piamente que faz frente a muitas outras marcas mais caras...como eu costumo dizer "ouvir para crer"...Mr.Spock escreveu:Ouviu-o com o 840 E ou com outro pré de outra marca ?
castro- Membro Audiopt
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Re: Cambridge Azur 840 E ( Pre Amplificador )
Então e já agora : comprou ?
Mr.Spock- Membro Audiopt
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Re: Cambridge Azur 840 E ( Pre Amplificador )
Ainda não mas vou comprar.O orçamento é curto uma vez que pretendo adquirir 2 para tocar em monoblocos.Mr.Spock escreveu:Então e já agora : comprou ?
castro- Membro Audiopt
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Re: Cambridge Azur 840 E ( Pre Amplificador )
À valente ....
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